BIOSSEGURANÇA NA EMERGÊNCIA - QUE LUVAS DEVO USAR?
- Prof. Walber Frazão
- 7 de jun. de 2017
- 6 min de leitura

INTRODUÇÃO
A maior parte dos serviços de emergência no Brasil utilizam luvas de procedimento ou cirúrgicas produzidas da matéria prima LÁTEX. Mas para entendermos qual o tipo de luva ideal que devemos usar, precisamos revisar o conceito de equipamento de proteção individual (E.P.I.) e nos reportar às normas que regulamentam o uso de E.P.Is. e a norma relativa à biossegurança.
E.P.I.
O E.P.I. é essencial para proteção do socorrista e também do próprio paciente imuno- deprimido. No Brasil norma que regulamenta o uso de E.P.Is. é a NR 06, portanto os conceitos e indicações irão referenciá-la diretamente sem expor nossa opinião própria para não interferir na redação oficial.
Conceito: 6.1 - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. 6.1.1 Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual, todo aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Garantia: 6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importada, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.
Quem deve disponibilizar? 6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência.
6.4 Atendidas às peculiaridades de cada atividade profissional, e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no ANEXO I desta NR.
Qual o tipo de proteção para as mãos?
NR 6 ANEXO I - LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ((alterado pela Portaria SIT/DSST 194/2010)
F - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES
F.1 - Luvas
a) luvas para proteção das mãos contra agentes abrasivos e escoriantes;
b) luvas para proteção das mãos contra agentes cortantes e perfurantes;
c) luvas para proteção das mãos contra choques elétricos;
d) luvas para proteção das mãos contra agentes térmicos;
e) luvas para proteção das mãos contra agentes biológicos;
f) luvas para proteção das mãos contra agentes químicos;
g) luvas para proteção das mãos contra vibrações;
h) luvas para proteção contra umidade proveniente de operações com uso de água;
i) luvas para proteção das mãos contra radiações ionizantes
Veja o link de toda a lista de equipamentos de proteção individual:
REFLEXÃO:
Observamos que pela legislação não há um tipo de matéria prima que seja exigida para uso na emergência, o que há é a recomendação legal de que, se um profissional de emergência entra em contato com instrumentos pérfuro-cortantes, biológicos e em algumas situações no atendimento pré-hospitalar (A.P.H.), se depara com situações com alta probabilidade de contato com agentes abrasivos e escoriantes, há necessidade de proteção das mãos e punhos e não somente das mãos.
O que diz a NR 32?
A NR 32 tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Mas ela não estabelece o tipo de luva ideal para os tipos de proteção do trabalhador na saúde.
Veja o link da norma NR 32:
LUVAS EXISTENTES QUE GARANTAM A MELHOR PROTEÇÃO INDIVIDUAL NO MERCADO
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem como objetivos promover a saúde e o desenvolvimento social, gerar e difundir conhecimento científico e tecnológico, em uma de suas publicações ela referencia os tipos de luvas para proteção:
As luvas de látex descartáveis têm resistência limitada à maioria dos produtos químicos perigosos usados em laboratórios. Não devem ser utilizadas em operações onde a contaminação química é prevista e deva ser imediatamente retirada das mãos por lavagem.
Luvas mais resistentes incluem borracha natural, neoprene, nitrílicas, butílicas, Viton e cloreto de polivinila.
A escolha das luvas é complexa na medida em que existem no mercado diversas marcas de plásticos e borrachas, cada uma com diferentes propriedades. Não existe entretanto o material resistente a todos os tipos de exposição. Uma marca pode resistir a terebentina, mas poderá não resistir ao xileno, enquanto com outra pode acontecer o inverso. Outras luvas apesar de grande resistência a um determinado líquido podem permitir a passagem da substância na fase vapor.
A penetração por vapores é mais difícil de ser detectada e a luva pode mesmo manter suas características aparentes.
Lembre-se que a penetração dos agentes de risco geralmente aumenta com o decréscimo da espessura e conseqüentemente com o aumento da porosidade da luva, quando mais concentrada a solução maior a velocidade da penetração e que o calor e a abrasão afetam negativamente o desempenho da luva.
As recomendações do fabricante com a natureza dos componentes da luva e a ficha de segurança do produto devem sempre ser utilizadas na escolha do material e podem ser obtidas com o fabricante.
Existem alguns cuidados que devem ser lembrados no momento do uso das luvas: é importante que estas se encaixem corretamente nas mãos, portanto elas devem ser do tamanho correto às mãos do usuário.
O desempenho da luva é dependente de diversos fatores incluindo:
a resistência da luva a penetração por uma substância em particular;
a composição química da luva;
o grau de concentração da solução;
efeitos abrasivos dos materiais manipulados;
temperatura;
tempo de uso.
No Mercado nacional e internacional os dois tipos de luvas que são mais utilizados pelos socorristas são as luvas de borracha látex e a de borracha nitrílica (conhecida como luva de nitrila). Portanto vejamos o que é cada uma:
Luva de Látex
A borracha natural tem sido o material de preferência para a fabricação de luvas usadas nas atividades dos serviços de saúde. Luvas de látex costumam ter preços acessíveis, são confortáveis e oferecem excelente barreira de proteção, principalmente devido à sua habilidade de auto-oclusão de pequenos orifícios. A desvantagem desse material reside no fato de que alguns profissionais e pacientes desenvolvem sensibilidade e pode apresentar reações alérgicas de gravidade mediana a grave após o uso de luvas de látex. Essas reações podem variar desde uma urticária (reação mediana e localizada da pele) até uma ameaçadora anafilaxia (reação grave e sistêmica). Essas reações estão associadas à hipersensibilidade tipo I, que são causadas por anticorpos específicos para o látex na circulação sangüínea. Essas reações representam as únicas verdadeiras formas de reação alérgica ao látex. No mercado atual existem luvas de látex com pó (talco) ou sem. Também estéril e não estéril.

Luva de Nitrila (Nitrílica)
As luvas de borracha nitrílica são um tipo de luva descartável feito de borracha sintética. Eles não contêm proteínas do látex e oferecem uma excelente resistência ao desgaste e aos produtos corrosivos. Esses produtos de segurança são muitas vezes considerados como um dos tipos mais fortes de luvas descartáveis, sendo seguros para as pessoas alérgicas ao látex.
Ao contrário de outras luvas descartáveis, as luvas de borracha de nitrilo têm baixa resistência ao atrito. Tal como acontece com alguns outros tipos de luvas descartáveis, porém, produtos como talco e pó de amido de milho podem ser passados nas mãos a fim de facilitar a colocação das luvas. Os fabricantes dos tipos de luvas nitrílicas produzem essas peças em uma ampla variedade de tamanhos, texturas, comprimentos e espessuras de manga. Essas luvas são populares por seu alto grau de flexibilidade e resistência aos produtos solventes. Resistentes a muitos óleos e alguns ácidos, as luvas de borracha nitrílica acabam sendo boa escolha para muitos ambientes de manufatura. Geralmente a luva de procedimento nitrílica é fabricada sem pó e na cor azul, porém existem fabricas que produzem na cor branca e roxa.

Em um SITE norte-americano encontrei um comparativo técnico referentes a duas luvas (látex x nitrila) e a luva de nitrila é considerada bem mais resistente a agentes pérfuro-cortantes do que a luva de látex.

Confira o comparativo no link abaixo:
CONCLUSÃO
Vimos que o socorrista, seja ele do atendimento pré-hospitalar (condutores de veículos de urgência, profissionais de enfermagem, médicos, bombeiros civis e militares e pessoal da segurança pública/tropas militares) ou no atendimento hospitalar em geral, esses profissionais estão expostos diariamente a vários agentes que podem provocar lesões mecânicas (traumas) e a contaminação por agentes biológicos. Portanto é necessária a aquisição por parte das instituições de saúde que adquiram para seus profissionais as luvas de borracha nitrílica (nitrila) para assegurar o cumprimento da NR 32 e NR 06, evitando assim o aumento da exposição dos riscos mecânicos e biológicos para os profissionais que atendem os diversos tipos de emergência, principalmente os de atendimento pré-hospitalar, salas de emergência e unidades de terapia intensiva, devido ao alto nível de estresse psicológico que são submetidos, o que eleva mais o risco de acidentes.
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